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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come?

Página 08

A violência é um problema que vem preocupando as pessoas no Brasil, já há algum tempo. E, devido a ele, os cidadãos de bem estão, cada vez mais, se afastando de lugares que antes freqüentavam; seja por medo de assaltos, sequestros ou por tornarem-se reféns de criminosos. A escola “Maria Elena”, como parte da sociedade, também sente os reflexos dessa violência, pois a mesma foi invadida por assaltantes que a desfalcaram por completo. Levaram, praticamente, todos os aparelhos tecnológicos que ali estavam para melhorar a qualidade das aulas, como televisores, computadores, aparelho de DVD, entre outros. O “Escola da gente” também ficou prejudicado, uma vez que roubaram, inclusive, sprays que serviam para desenvolver atividades artísticas, como grafites.
Com o intuito de oferecer mais segurança ao bairro, foi criado o posto policial que visa controlar o índice de violência, e ajudar os moradores a se sentirem mais seguros, pelo menos em sua própria casa, que hoje, se tornou, também, mais um espaço que atrai os criminosos. Será que a vinda dos policiais já causou algum impacto? É sobre isso que tratará a entrevista nos concedida pelo Capitão Felício, Comandante 188 Companhia Especial do 33º BPM.
Por Francyelle


Estação: Sabe-se que em bairros pequenos há muitos boatos. Em um desses comentários fala-se que o posto foi instalado no bairro, pois aqui, futuramente, viria a ter um banco, essa informação procede?
Cap. Felício: Não, não procede. O posto foi instalado no bairro, principalmente, para trazer segurança à sociedade, de maneira geral, não para atender um ou outro segmento. Se o posto fosse instalado só por causa de um banco, nós estaríamos cometendo um crime que se chama “zeladoria”. A Polícia não trabalha só para um segmento, nem para um banco, nem para a escola. Ela trabalha para toda a sociedade. Quanto ao banco, o bairro ainda não tem estrutura para tal; é um bairro pequeno.

Estação: Muitas pessoas conseguem ter uma visão sobre o bairro tão logo cheguem a ele. Vocês já fizeram a avaliação do Icaivera?
Cap. Felício: Lógico, já fizemos sim. É um local tranquilo que está em formação, em expansão. Tem características diferenciadas, principalmente, pela sua localização. Embora seja um bairro de Betim, está situado quase dentro de Contagem. É, também, um bairro que verificamos um desnível social muito grande. Existem grupos muito empobrecidos, além de ser um local muito propício à violência, influenciado por Nova Contagem e Darci Ribeiro. Já comprovamos que no Bairro Icaivera houve uma redução no número de crimes, pois desenvolvemos várias ações de policiais que terminaram em prisões de pessoas que antes prejudicavam a sociedade e que hoje não prejudicam mais.

Estação: O posto foi instalado no bairro por questão estratégica, para atender várias localidades do entorno ou se deve ao índice de criminalidade?
Cap. Felício: Os dois. A polícia não trabalha apenas com uma hipótese, mas várias. A Polícia Militar está presente em todos os 853 municípios e aqui é um centro, um local de risco. A Polícia se instala onde tem pessoas, onde há grupos sociais. O primeiro motivo, então, foi esse. Já o segundo, é não deixar realmente que a violência predomine, que avance e influencie outros bairros.

Estação: Sabemos que é importante punir os que precisam, mas é preciso prevenir através da educação. Vocês têm algum trabalho nesse sentido?
Cap. Felício: Sim, aqui no Icaivera, nós estamos trabalhando com o programa de prevenção às drogas – o PROERD, que é um programa premiado no mundo inteiro. Os policiais veem às escolas para alertar as crianças de 4ª a 6ª série sobre os problemas causados pelas drogas. Nós temos, também, o “Jovem para a Cidadania” que tem ações rotineiras que visam proporcionar paz, educação, cultura que a população nem tem conhecimento.

Estação: No Rio de Janeiro vemos que ocorrem vários crimes envolvendo policiais. Eles matam civis por engano como aconteceu com uma criança de 05 anos que saía da escola e foi baleada, entre outros exemplos. Então conclui-se que a policia do RJ é muito despreparada. Como vocês avaliam a polícia de Minas Gerais?
Cap. Felício: Nós avaliamos a Polícia de Minas Gerais como uma das melhores do Estado Brasileiro. Não concordamos que a Polícia do Rio de Janeiro seja despreparada, afinal, o número de crimes de lá é maior do que de Minas. Lá é muito problemático.

Estação: Desde que o posto foi instalado no bairro, vocês notaram alguma mudança de comportamento em relação ao crime? A presença de vocês os inibe?
Cap. Felício: Como já disse, o Bairro é um lugar tranquilo, mas desde a nossa vinda para bairro notamos que o número de crimes teve uma queda. Certamente, nossa presença inibe o crime.

Estação: No começo do ano, a Escola “Maria Elena” foi alvo da violência de ladrões que roubaram quase todos os equipamentos eletro-eletrônicos, como Computadores, TV de plasma, não perdoando nem mesmo os sprays utilizados para atividades artísticas do Projeto “Escola da Gente”. Vocês abriram algum inquérito sobre o crime?As investigações prosseguem?
Cap. Felício: Não temos essa informação, pois nós não fazemos esse tipo de trabalho. Também não sabemos informar a vocês se as investigações prosseguem. O que podemos dizer é que se vocês virem alguma ação suspeita, virem alguém pulando o muro, roubando a escola, informe a polícia. Através do número 181, vocês podem denunciar sem medo. Não precisam se identificar, não terão o telefone identificado ou qualquer coisa parecida.

Entrevista realizada pelas alunas Stéfanie Maria, Débora, Andréia, Francyelle e Dara

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