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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Icaivera entre azul e amarelo

Página 10

Sábado à tarde, pouco mais de quatro horas, encontro um ipê em plena gestação, numa gestação silenciosa. Galhos secos, nenhum vestígio de folhas, parecia a qualquer um apenas uma árvore que agonizava. Logo à frente, me deparo com outro, já com os filhos amarelos nos braços.
Agora me pego a pensar, caro leitor, se você poderá me entender ou se me achará apenas mais uma jovem apaixonada a vagabundear e ter devaneios românticos. Se for caso, releve a tentação do julgamento, pois não somos iguais e nem sempre temos as mesmas paixões.
Embora o Icaivera, lugar onde eu vivo, não tenha importância para muitos, foram nas suas calçadas que eu encontrei a paixão, o encantamento, na simplicidade. Naquele final de tarde rotineiro, descobri o sol atravessando e se chocando com as belas e delicadas flores amarelas do ipê. Tudo era tão perfeito e só naquele minuto entendi o que, enquanto calados, aqueles galhos, aparentemente mortos traziam dentro de si: a natureza em toda a sua beleza e esplendor!
Já no dia seguinte, quando voltei ansiosa para revê-lo, já não era mais o mesmo. Aos seus pés, apenas um tapete amarelo, um pouco já desbotado, formado por aquelas flores de ontem, que já começavam a murchar e assim sua beleza voltava ao silêncio.

Por Thaís Maria

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